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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Fluoxetina associada à Fisioterapia melhora recuperação motora de pacientes após Acidente Vascular Encefálico

Fonte: The Lancet Neurology, Feb 2011. 10(2):123-130

Em um estudo francês, publicado em 2011, foi observado que a Fluoxetina, utilizado como medicamento antidepressivo, melhorou a recuperação dos movimentos de pacientes na fase aguda após um acidente vascular encefálico (AVE). Nesta pesquisa, com boa qualidade metodológica, foram tratados 118 pacientes (entre 18 e 85 anos) de diversos centros franceses de atendimento ao AVE. Os pacientes foram avaliados pela escala de atividade motora Fugl-Meyer, que dá uma pontuação conforme a capacidade motora do indivíduo. Estes pacientes sofreram um AVE isquêmico e apresentavam pontuação na escala de 55 ou menos.

Os pacientes foram separados em dois grupos, um recebeu Fluoxetina (20 mg/dia) e o outro medicação placebo. Todos realizaram fisioterapia motora para estimular a recuperação dos movimentos. O tratamento iniciou entre o 5 a 10 dia após o AVE, e durou 3 meses.
Os pesquisadores verificaram que a pontuação média aumentou 34 pontos no grupo com fluoxetina e 24 pontos no grupo controle (placebo). Esta diferença é importante na capacidade motora dos pacientes visto que menos que 50 pontos indicam um comprometimento motor severo; 50-84 um comprometimento marcante; 85-95 moderado; e 96-99 acometimento leve.


A fluoxetina altera a química cerebral, promovendo um maior tempo de ação do neurotransmissor serotonina, responsável por modular diversas funções no organismo como a fome, o sono e a sensação de bem-estar. É importante lembrar que todo medicamento deve ser prescrito pelo médico, devido as diversas interações entre os fármacos que o paciente toma e os efeitos colaterais que podem ocorrer pelo uso inadequado.
Apesar dos uso promissor deste medicamento para uma melhor recuperação motora dos pacientes após o AVE, deve-se considerar que este estudo avaliou os efeitos na fase aguda após a doença. Em pacientes crônicos, após 6-12 meses do AVE, as possibilidade de ganhos motores são menores.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Ferramentas eletrônicas interativas para a Fisioterapia


Há vários anos busca-se utilizar ferramentas eletrônicas, principalmente computadores, para estimular a atividade motora. Em geral, eram jogos simples, pouco desafiadores, cheios de fios e caros. A maior parte eram ferramentas experimentais que dificilmente era acessível, como o protótipo MIT-Manus.

Desenvolvido no MIT (Massachusetts Institute of Technology) para pacientes com sequelas motoras, principalmente resultante de acidente vascular encefálico.

Tudo ia meio devagar até que surge então, em 2006, o Wii. O novo console da Nintendo que trouxe como inovação um controle dinâmico.
Até o momento, video-games eram "esporte de sedentários". Com o Wii, permite-se uma movimentação corporal ampla, que estimula o gasto calórico, a coordenação motora, o equilíbrio e a interatividade com o ambiente virtual.


Além da inovação do modo de jogar, o preço do console é relativamente acessível, em torno de 250 dólares, bem abaixo dos consoles dos concorrentes, como o Playstation e o Xbox, que ainda investiam em controles "digitais". Como isso, o Wii explodiu em vendas no Japão, Estados Unidos e Europa, e manteve alta vendagem até mesmo com a crise de 2009. Chegou a faltar o aparelho em alguns períodos.

A principal crítica sobre o Wii era que seu desempenho era menor que o da concorrência, principalmente na questão gráfica. Mas como vantagem, o Wii possibilitou que mesmo pessoas que nunca tinham jogado video-game pudessem participar dos jogos, principalmente através do jogo Wii Sports. Com esportes de regras já conhecidas do público adulto, principalmente nos países desenvolvidos, como golfe, boliche, basebol, etc., e com comandos mais simples, possibilitou maior interatividade e interesse do público nos jogos interativos.

Logo surgiram pesquisas indicando sua potencialidade para o uso terapêutico para pacientes hemiparéticos, idoso institucionais, crianças em UTIs, pós-cirúrgico de lesão em membros inferiores, etc. Este uso terapêutico apareceu com diversos nomes, como Wiitherapy e Wiirehabilitation.
No Brasil, as primeiras experiências foram relatadas na Universidade Cidade de São Paulo (UNICID), que recebeu uma boa divulgação da mídia.

Em 2010, a Sony (desenvolvedora do Playstation 3) e a Microsoft (XBox) fizeram o lançamento de suas plataformas interativas, 3 anos depois do Wii.
O controle de interatividade do PlayStation Move, é semelhante ao Wii, com controles manuais e sensores de movimento.
O sistema do Xbox Kinect (previamente conhecido com Projeto Natal), é baseado em sensores de movimentos, e detecta o próprio corpo do jogador como ferramenta de jogo sem o uso de controles manuais. O Kinect também possui um sistema de reconhecimento de imagem e voz de forma inteligente, e divide o corpo humano em 48 pontos, identificados em tempo real, e reconhece o corpo todo no espaço.



A disseminação de novas tecnologias interativas permitem estimular a movimentação do paciente, mas dificilmente conseguem alcançar resultados além dos esperados de um bom tratamento de fisioterapia. Ou seja, estes jogos possibilitam nova formas de treinamento e servem com estímulo a terapia, mas não necessariamente dão resultados além das possibilidades de retorno motor.

Certamente, surgirão novas ferramentas e diversos cursos demonstrando como utilizar estes jogos na Fisioterapia, mas sugiro que, ao invés de fazer um curso, compre um Game e aprenda a utilizar jogando. Os jogos são de fácil assimilação e basta aplicar a cinesioterapia sobre os movimentos do jogo conforme os resultados pretendidos.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Fisioterapia em Cuidados Paliativos

O estágio científico atual dá uma ilusão de que o humanidade pode controlar todos os aspectos da vida biológica. Mas quando é confrontado com os limites do seu conhecimento a reação é lutar ou fugir. Atualmente, a Morte é o limite.

Os Cuidados Paliativos desenvolvem a atenção aos pacientes sem possibilidades terapêuticas de cura buscando controlar ou amenizar os sintomas e sinais físicos, psicológicos e espirituais destes. A Organização Mundial da Saúde define os Cuidados Paliativos como:...Medidas que aumentam a qualidade de vida de pacientes e seus familiares que enfrentam uma doença terminal, através da prevenção e alívio do sofrimento por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento de dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais.
Para os fisioterapeutas, à primeira vista, pode ser difícil visualizar o campo de sua atuação, mas a partir do momento que a empatia e inter-relação ocorram, os objetivos tendem a tornar-se mais claros e a terapia mais eficiente. Para desenvolver um melhor preparo profissional, os conceitos empregados nos Cuidados Paliativos devem ser difundidos entre os fisioterapeutas, e estudos de qualidade são uma necessidade urgente para estabelecer os recursos fisioterapêuticos úteis aos pacientes sem possibilidades terapêuticas de cura.
Ao afrontar situações de óbito, o despreparo profissional pode causar insegurança e a evasão destas ocorrências. Para os profissionais de saúde o óbito muitas vezes é encarado como fator negativo, mas sua discussão não deve ser evitada, e muito menos excluída da formação destes profissionais.
A Fisioterapia Paliativa tem como objetivo principal à melhora da qualidade de vida dos pacientes sem possibilidades curativas, reduzindo os sintomas e promovendo sua independência funcional. Para que isto seja alcançado é preciso manter um canal de
comunicação aberto com o paciente, familiares e demais profissionais envolvidos.
O fisioterapeuta detém métodos e recursos próprios de sua profissão que são úteis nos Cuidados Paliativos, e sua atuação corrobora com o tratamento multiprofissional e integrado necessário para o atendimento de pacientes com câncer e outras doenças que levam potencialmente ao óbito.
As principais intervenções fisioterapêuticas para os pacientes sem possibilidade de cura são os métodos analgésicos, as intervenções nos sintomas psico-físicos como depressão e distresse, a atuação nas complicações osteomioarticulares, os recursos para a melhora da fadiga, as técnicas para melhoria da função pulmonar, o atendimento aos pacientes neurológicos e as particularidades do tratamento pediátrico.

Baseado em: Marcucci, Fernando C. I. O papel da fisioterapia nos cuidados paliativos a pacientes com câncer. Revista Brasileira de Cancerologia 2005;51(1):67-77.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Laudo de fisioterapeuta não serve como prova para doença profissional

Fonte:JurisWay.org.br

A perícia para investigar a existência de sequelas decorrentes de acidente de trabalho deve ser capaz de correlacionar causa e efeito. Por esse fundamento, a 9a Turma do TRT-MG não aceitou a alegação do empregado que pleiteou indenização por danos morais e materiais por acidente de trabalho e declarou a nulidade do laudo pericial elaborado por fisioterapeuta. O juiz determinou a realização de perícia quando o empregado alegou ter adquirido doença profissional. A conclusão da 1ª Instância foi favorável ao trabalhador, mas a empresa recorreu, sustentando que o laudo foi realizado por profissional fisioterapeuta. O juiz Fábio Allegretti Cooper, em substituição no Tribunal, considerou que "a complexidade do quadro clínico do reclamante e as significativas repercussões para a empresa, no caso de uma eventual caracterização do nexo de causalidade entre a doença e o labor, tornam indispensável a realização de um diagnóstico, no sentido estrito do termo. E, para tanto, impõe-se o pronunciamento do médico, profissional que efetivamente detém conhecimento técnico específico para a necessária anamnese e, sobretudo, para a diagnose". O relator acolheu a alegação de nulidade da sentença, aceitando que "o laudo do fisioterapeuta poderia ser considerado um coadjutor, mas não a única prova técnica existente nos autos...". O processo retornou à Vara do Trabalho de origem para nova perícia, a ser realizada e assinada por médico.

Opinião: Casos semelhantes chegaram juridicamente ao mesmo resultado, considerando que o própria Decreto Lei 938/69, que regulamenta a profissão, estabelece que são atividades privativas do fisioterapeuta a execução de métodos e técnicas terapêuticas, fisioterápicas e recreacionais com o objetivo de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física e mental do paciente. O mesmo decreto não estabelece o campo para a realização de laudo jurídico.
Há ainda, diversos cursos oferecidos para "Perícia Jurídica para Fisioterapeutas". Recomendo que os profissionais interessado me atuar na área jurídica fiquem atentos as verdadeiras possibilidades de atuação.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Histórico da Eletroterapia e Eletroacupuntura



5000 a.C. – Os egípcios sabiam da capacidade do bagre do Nilo de emitir correntes elétricas e o tinham como uma divindade. A primeira dinastia egípcia (união dos povos do alto e baixo Egito) surgiu em 3150, e o primeiro rei foi o Imperador Narmer (que significa catfish, ou bagre).

1000 a.C. – Uma história grega conta que Magnes, um pastor, notou que as armações de ferro de suas sandálias eram atraídas por uma pedra negra, este mineral foi chamado de magnesian (atualmente magnetita) (contada por Plínio, O Velho, em Historia Naturalis, ano 77).



600 a.C. – Tales de Mileto verificou que o âmbar (resina vegetal) atraía pequenos elementos quanto esfregados com lã, eles denominaram o material como elektron.

300 a.C. – Aristóteles verificou que o peixe elétrico produz entorpecimento nas mãos (torpor = torpedo)

42 a.C. – Primeiro estudo escrito foi realizado por Scribonius Largus, médico do exército do imperador romano Claudius, escreveu tratados de farmacologia e testou a aplicação de peixe elétrico na cabeça para dor de cabeça e para artrite gotosa: “As dores de cabeça, inclusive as crônicas e insuportáveis, são tratadas com a aplicação do peixe elétrico vivo sobre o local da dor, com a chegada da dormência, o peixe deve ser removido”.



1551 – Girolano Cardano, físico italiano, definiu que a atração exercida pela magnetita era diferente do âmbar. Chamou esta atração de Força Elétrica.

1600 – No final do século 16, William Gilbert, físico e médico de Elizabeth I, rainha da Inglaterra, criou as primeiras máquinas de indução eletrostática, protótipos dos aparelhos utilizados nos trezentos anos seguintes, lançando as bases para a produção e controle da eletricidade artificial, substituindo a do peixe elétrico. O principal trabalho de Gilbert foi De Magnete, Magneticisque Corporibus, et de Magno Magnete Tellure (Sobre os ímãs, os corpos magnéticos e o grande imã terrestre) publicado em 1600. Das experiências que realizou, ele conclui que a Terra era magnética e esse era o motivo pelo qual as bússolas apontam para o norte (anteriormente, era se dito que isto se devia a "estrela polar" ou as grandes ilhas magnéticas no pólo norte que atraiam a bússola). Em seu livro, ele também estudou eletricidade estática usando âmbar.

1672 – O primeiro gerador eletrostático foi construído por Otto von Guericke, físico alemão.



1757 – Benjamin Franklin utilizou um equipamento elétrico para tartar ombro congelado e paralisia após acidente vascular encefálico, com alguns resultados em curto prazo.

1764 – Gennai Hiraga, farmacologista do Japão, relatou o uso da eletroestimulação com acupuntura por meio de magnetizadores estáticos.

1791 – Luigi Galvani, filósofo e médico anatomista italiano, descobriu que a descarga elétrica em músculos de rãs causavam a contração muscular e, assim, iniciou o entendimento das propriedades bioelétricas dos músculos. Pela utilização de uma corrente contínua para os efeitos de contração, esta foi denominada Corrente Galvânica.

1816 – Louis Berlioz, médico francês, aplicou correntes contínuas em agulhas de acupuntura para tratar dor.



1825 - Chevalier Sarlandiere, outro médico francês, tratou gota e reumatismo com eletroestimulação em agulhas, cunhou o termo eletroacupuntura e publicou um livro sobre o assunto. As agulhas eram conectadas a jarros de Leyden, que age como um capacitor. Ele é reconhecido como introdutor da eletroacupuntura na Europa. Ele reportou sucesso ao tratar disfunções reumáticas e respiratórias.

1833 – Guillaume Duchenne, neurologista francês, iniciou os estudos com eletroterapia que logo foi adotado pelos hospitais da França.
1864 – Através das equações de Maxwell pôde-se quantificar e unificar os fenômenos elétricos e magnéticos, e foi descoberto que eles eram dois aspectos de uma interação mais fundamental.



1887 – Heinrich Hertz observou que quando a luz incide numa placa de metal, ocasiona saída de elétrons da placa. O fenômeno foi conhecido inicialmente por "efeito Hertz". Tal observação associou a luz como resultante de uma onda eletromagnética.

1905 – Einstein explicou o efeito fotoelétrico pela teorização que a luz era transmitida em pacotes, denominados de "quanta", atualmente denominamos fótons. A teoria previa que absorção de radiação eletromagnética por átomos aumentariam o nível energético dos elétrons, e ao diminuir este nível o elétron emitiria um fóton.

1953 – Reinhold Voll, médico alemão, desenvolve os primeiros equipamentos de eletrotroterapia que utilizavam a corrente comercial, realizou os primeiros estudos sobre a resistência elétrica dos pontos de acupuntura e desenvolveu os primeiros detectores de pontos.

Dias atuais – Aplicação da energia elétrica no cotidiano. Em relação à acupuntura, observa-se a introdução dos métodos científicos na avaliação dos resultados terapêuticos e explicação dos efeitos fisiológicos.

Como citar textos desta página:
MARCUCCI, Fernando C. I. Histórico da Eletroterapia e Eletroacupuntura. O Fisioterapeuta [site]. Disponível em: http://ofisioterapeuta.blogspot.com/. Acesso em: DD mmm AAAA.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Requisitos mínimos de Fisioterapeutas nas UTIs

Uma Resolução da ANVISA (RDC Nº 7, DE 24 DE FEVEREIRO DE 2010) estabelece requisitos mínimos para o funcionamento de UTIs de todo o país, sejam públicas ou privadas.
Todas UTIs devem ter além do responsável técnico médico, um enfermeiro coordenador da equipe de enfermagem e um fisioterapeuta coordenador da equipe de fisioterapia, que deve ser especialista em terapia intensiva ou em outra especialidade
relacionada à assistência ao paciente grave, específica para a modalidade de atuação (adulto, pediátrica ou neonatal). Além destes profissionais, deve ser designada uma equipe multiprofissional, legalmente habilitada, a qual deve ser dimensionada, quantitativa e qualitativamente, de acordo com o perfil assistencial, a demanda e a legislação vigente, com no mínimo 01 Fisioterapeuta para cada 10 leitos ou fração, nos turnos matutino, vespertino e noturno, perfazendo um total de 18 horas diárias de atuação.

Sem limitação para sessões de fisioterapia

Fonte: O Bonde (www.bonde.com.br)

A Unimed Natal foi obrigada a conceder a uma usuária sessões de fisioterapia sem limitação de quantidade. A decisão é da 2ª Câmara Cível do TJRN que manteve o entendimento do juiz da 8ª Vara Cível da Comarca de Natal em uma Ação de Obrigação de Fazer com Pedido de Tutela Antecipada. De acordo com os autos, em agosto de 2003, uma usuária do plano de saúde Unimed Natal, que estava com os movimentos do ombro limitados e sentindo fortes dores, após submeter-se a uma intervenção cirúrgica, necessitou fazer várias sessões de fisioterapia para sua recuperação completa. Entretanto, uma cláusula do contrato do plano de saúde limitava as sessões e, diante disso, a paciente resolveu ingressar com uma ação na Justiça a fim de garantir o término do tratamento, alegando que, caso não fosse dado continuidade ao mencionado tratamento, o procedimento cirúrgico ficaria comprometido e ela poderia retornar ao quadro clínico anterior. Para a Unimed, é impossível conceder a cobertura pleiteada pela usuária, pois o contrato firmado com ela é anterior à Lei nº 9.656/98, e limita a quantidade de sessões. Entretanto, o relator do processo, desembargador Osvaldo Cruz, reconhece a limitação contratual, mas entende que a usuária possui direito à cobertura requerida: "verifica-se que de fato o contrato é anterior à lei supra, havendo impedimento naaplicação do mencionado diploma ao caso em tela; contudo não há provas que indiquem a recusa expressa por parte da apelada quanto à adaptação do seu contrato às regras estipuladas pela Lei nº 9.656/98", disse. Para o relator, a cláusula que limita a realização de sessões de fisioterapia é abusiva, pois proporciona desvantagem ao consumidor e compromete o sucesso do tratamento de saúde. Dessa forma, ele determinou a nulidade da cláusula, baseado no Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 51, inciso IV: "São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: (…) IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; (…) § 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vontade que: (…) II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual". O magistrado manteve a decisão dada em primeiro grau.

OPINIÃO: A Fisioterapia como método de tratamento só pode ser finalizada perante a recuperação clínica do paciente, a vontade do paciente, o impedimento da atuação do profissional ou após a avaliação técnica de outro fisioterapeuta. Apesar de ser ainda comum, a avaliação de outros profissionais de saúde não tem a mesma abrangência quando visto pela perspectiva da fisioterapia. No caso visto, a limitação de movimento e a dor após a cirurgia devem ser tratados por médicos, através do uso de medicamentos adequados, e por fisioterapeutas, através de condutas terapêuticas corretas. Assim como o medicamento não pode ser retirado sem a recomendação médica, a fisioterapia não pode ser finalizada sem a alta do fisioterapeuta. O caso abre precedente jurídico para casos de pacientes crônicos que muitas vezes não tem possibilidade de receber fisioterapia pela limitação imposta pelos planos de saúde.

sábado, 21 de novembro de 2009

CIF na Fisioterapia: Um dia você vai precisar dela.

A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, chamada de CIF (ou ICF, em inglês) é uma série de códigos para enquadrar todos (ou pelo menos a maioria) dos aspectos que influenciam na saúde. Ela é complementar a CID (Classificação Internacional de Doenças). Nem abaixo, nem acima. Complementar. No entanto, ela é mais que uma estrutura (quase infinita) de códigos. Ela é uma mudança de perspectiva sobre a saúde de todos, inclusive a sua. Ela é uma forma de orientar a prática, a avaliação e os cuidados dos problemas de saúde, desde a prevenção a reabilitação.
Segundo a RESOLUÇÃO Nº 370 do COFFITO, de 6 de novembro de 2009, o Fisioterapeuta e o Terapeuta Ocupacional devem adotar CIF, segundo recomendações da OMS, no âmbito de suas competências institucionais. O texto traz que a CIF deve ser utilizada como:
1- Ferramenta estatística - para a coleta e registro de dados como em estudos da população, verificar a evolução clínica dos pacientes dentro do campo de trabalho (hospital, ambulatórios e consultórios);
2- Ferramenta de pesquisa para medir resultados, qualidade de vida ou fatores ambientais;
3- Ferramenta clínica para a avaliação de necessidades e dos resultados;
4- Ferramenta de política social para o planejamento dos sistemas de previdência social, sistemas de compensação e projetos e implantação de políticas públicas;
5- Ferramenta pedagógica para a elaboração de programas educativos para aumentar a conscientização e realizar ações sociais.

Assim, o Fisioterapeuta deve aplicar, após traçar o diagnóstico fisioterapêutico, a versão atualizada da CIF e sua derivada para identificar a condição do paciente.
Vários Crefitos e instituições estão se movimentando para oferecer o curso de formação em CIF para os profissionais. Fique atento, porque um dia você vai precisar dela.

Mais informações em:
- COFFITO - http://www.coffito.org.br/
- Centro Brasileiro de Classificação de Doenças: http://hygeia.fsp.usp.br/~cbcd/
- CifBrasil: http://www.cifbrasil.com.br/

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Principais necessidades para o desenvolvimento do fisioterapeuta


A fisioterapia, em todo mundo, está inserida no complexo contexto da saúde, do mercado e das necessidades dos próprios profissionais. Especificamente no Brasil, o crescimento do número de profissionais no mercado traz pontos positivos e negativos. Entre os pontos positivos podemos destacar: 1) o requerimento e a inclusão dos profissionais dentro da demanda da sociedade; 2) o fortalecimento político da classe que depende, parcialmente, do número de profissionais existentes; 3) a disputa de mercado exige mais desenvolvimento pessoal e profissional dos fisioterapeutas, o que força o desenvolvimento qualitativo da profissão. Entre os aspectos negativos observa-se: 1) o crescimento desorganizado da profissão que afeta a mobilização efetiva e interligação entre fisioterapeutas; 2) disputa de mercado com diferencial no preço do serviço.
A partir destas observações destaco alguns aspectos que são importantes para o desenvolvimento da fisioterapia e, consequentemente para o fisioterapeuta (se você ainda não ouviu falar sobre os temas abaixo, corra!):

- Prática Baseada em Evidências (PBE): O crescimento científico da fisioterapia foi gigantesco na última década, tanto no Brasil quanto no mundo. Com a internet, todos profissionais tem a mesma possibilidade de agregar os mesmos conhecimentos técnicos e científicos da área, desde que domine algumas habilidades como o uso da internet e também do inglês. Isto traz uma muralha entre aqueles que tem a potencialidade de utilizar o que há de mais recente e aqueles que dependem do conhecimento repassado pelos demais. A fisioterapia brasileira anda com uma perna à frente, com o que há de atual, e outra perna limitada pelo conhecimento engessado, aprendido e nunca mais questionado, e verdades de outras épocas. Este andar pouco funcional dificulta a caracterização da fisioterapia como uma profissão de vanguarda, pois ainda há a disseminação de práticas inadequadas.
A PBE é toda uma forma de pensar e agir, adaptando o conhecimento científico à prática diária, e envolve o aprendizado dos métodos de procura e avaliação de informações confiáveis (de artigos, pesquisas, livros, sites, etc) para utilizar os melhores métodos de tratamento, avaliação, diagnóstico e conduta. E o mais importante, dá ao profissional a autonomia de pensar criticamente, avaliando as informações que chegam a este por meio de cursos, palestras e propagandas.

Empreendedorismo: Não se limitar ao que é imposto, mas superar o que se espera de você. O empreendedor busca crescer por meio do desenvolvimento do seu potencial de criação e execução. É o profissional inovador que modifica qualquer área do conhecimento humano com sua forma de agir e pensar. Estes profissionais são orientadas para a ação, são internamente motivados e, consequentemente, menos dependente de pressão externa para se mexerem, assumem os riscos para atingirem seus objetivos. Na fisioterapia, tem profissionais que querem fazer o que sempre fizeram e outros que buscam estar além do que se espera dele, buscam crescer constantemente. Não crescer apenas no sentido financeiro, mas também no seu desenvolvimento pessoal e técnico. O empreendedor é aquele profissional que está sempre como os sentidos em alerta para novas oportunidades, muitas vezes se inserem em área diversas para buscar domínio de diferentes temas. É aquele fisioterapeuta que além de ser fisioterapeuta, busca conhecimentos em Direito, Administração, Física, Marketing, Psicologia, Computação ou Astronomia, para diversificar sua percepção do mundo e expandir sua capacidade prática.
De forma geral, o empreendedorismo já está incluído no cotidiano de muitos fisioterapeutas, mas a formação acadêmica muitas vezes é o agente limitador. Fruto da era industrial, o nascimento e desenvolvimento inicial da fisioterapia buscou a uniformização e estabilidade. Atualmente, o saber técnico é o mínimo que se espera de um profissional. Segundo Emanuel Leite(2000), das qualidades pessoais de um empreendedor, destacam-se: iniciativa; visão; coragem; firmeza; decisão; atitude de respeito humano; capacidade de organização e direção. Em contraposição, há a síndrome do empregado, que segundo Fernando Dolabela (2008), designa um profissional:
- Insatisfeito, com visão limitada;
- Dificuldade para identificar oportunidades;
- É dependente e necessita de alguém para se tornar produtivo;
- Sem criatividade;
- Sem habilidade para transformar conhecimento em riqueza, descuida de outros conhecimentos que não sejam voltados à tecnologia do produto ou a sua especialidade;
- Dificuldade de auto-aprendizagem, não é auto-suficiente, exige supervisão e espera que alguém lhe forneça o caminho;
- Domina somente parte do processo, não busca conhecer o negócio como um todo: a cadeia produtiva, a dinâmica dos mercados, a evolução do setor;
- Não se preocupa com o que não existe ou não é feito: tenta entender, especializar-se a melhorar somente no que já existe;
- Mais faz do que aprende;
- Não se preocupa em formar sua rede de relações, estabelece baixo nível de comunicações;
- Tem medo do erro, não trata como uma aprendizagem;
- Não se preocupa em transformar as necessidades dos clientes em produtos/serviços;
- Não sabe ler o ambiente externo: ameaças e oportunidades;
- Não é pró-ativo (expressão que indica iniciativa, vontade própria e espírito empreendedor).

Ações Coletivas: O destino de um é compartilhado por todos. No campo profissional, seu uma classe tem reconhecimento e é respeitada como profissão isto se deve a somatória de ações de diversos agentes que favoreceram esta percepção. Se, por outro lado, uma profissão parece denegrida ou desrespeitada em algum sentido, isto também pode ser consequência de diversos atos negativos que, quando somados, expõe as características da classe.
O Fisioterapeuta tem que ter em mente que as atitudes que ele tem dentro do consultório, nas reuniões e nos eventos profissionais ou mesmo socialmente, acabam influenciando na percepção das pessoas sobre nossa profissão.
A coesão dos profissionais dão a cara da profissão. Para atingir uma imagem de respeito, ética e seriedade, os fisioterapeutas necessitam tomar ações coletivas e individuais que demonstrem isso.
Quanto as ações coletivas, estas são favorecidas pelas organizações profissionais, ou seja, ASSOCIAÇÕES, COOPERATIVAS, SOCIEDADES CIENTÍFICAS, entre outras. Organizações coletivas fortes são fundamentais para alcançar homogeneidade com qualidade.

Isto ainda é um desafio para os profissionais: deixar o mundinho do consultório/clínica e mostrar que se pode fazer mais, para ele, para a profissão e para a sociedade. Nos últimos anos, verifica-se um aumento no número de organizações, mas grande parte delas acabam se limitando a ação de alguns poucos profissionais ativos, enquanto outros ficam apáticos esperando os resultados. Quando o reconhecimento profissional é depositado nas pessoas pró-ativas, aquelas que ficam esperando resultados na sombra ficam descontentes e saem, por puro inconformismo.
O profissional que é presente numa organização coletiva, amplia-se sua rede de contatos, ganha-se maior facilidade de identificação perante a sociedade, ganha-se reconhecimento perante outros profissionais e novas oportunidade surgem como consequência.
Claro, que nem tudo é fácil. Estar presente numa entidade requer disponibilidade para exercer diversas atividades, como funções administrativas e contábeis (o que na verdade é uma oportunidade de adquirir estes conhecimentos, tão necessários para qualquer pessoa). Também é necessário dispor de tempo, tanto para algumas reuniões fora de horário (as vezes até nos finais de semanas) quanto para o desenvolvimento da organização. E além disso tudo, é preciso que o profissional saiba reconhecer que os benefícios e, felizmente, alguns encargos são distribuidos entre o grupo.

Como citar este texto:

MARCUCCI, Fernando C. I. O Fisioterapeuta [website]. Disponível em: . Acesso em: dd/mm/AAAA.