sábado, 16 de março de 2013

Diabetes e Alzheimer: um ponto em comum

Fonte. Jean Remy Davée Guimarães. Ciência Hoje On-line - 15/03/2013.

Diabetes, Alzheimer e obesidade estão aumentando exponencialmente e com correlações perturbadoras entre elas.Já se verificou que há uma forte associação entre diabetes, obesidade, dieta, demência e Alzheimer. Pessoas que sofrem de diabetes têm probabilidade 2 a 3 vezes maior de desenvolver Alzheimer do que a média da população. A conexão obesidade-Alzheimer é menos estudada, mas sabe-se que a obesidade em idade madura predispõe ao Alzheimer e que uma vida ativa e dieta saudável reduzem a ocorrência de demência

As evidências nesse sentido são tantas que muitos especialistas já defendem que o Alzheimer seja considerado como um Diabetes tipo III, pois vários estudos sugerem que o Alzheimer seria uma consequência de perturbações na resposta do cérebro à insulina. Esta, além de regular o metabolismo do açúcar, tem papel bem definido na química cerebral, modulando a troca de sinais entre neurônios e atuando no aprendizado e na memória, bem como na manutenção dos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro.

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O diabetes tipo I se desenvolve quando a pessoa não produz insulina, que é responsável pela retirada do açúcar do sangue para os órgãos do corpo. Estes pacientes são insulino-dependentes por que necessitam suprir a insulina de forma artificial. Já o diabetes tipo II, a pessoa produz insulina mas o corpo tem uma menor resposta a ela, ou seja, é resistente a insulina. A doença de Alzheimer compromete as funções cerebrais de forma gradativa, iniciando com alterações leves de memória até comprometer as funções motoras e cognitivas dos portadores.

Alimentos calóricos  já eram apontados como fator de desenvolvimento de Alzheimer devido à redução de irrigação sanguínea causada pelo colesterol (que entope literalmente os vasos sanguíneos) e aumento da pressão sanguínea (que causa lesões nos vasos), mas os estudos mais recentes sugerem que alimentos com muito açúcar e gordura também podem danificar o cérebro ao interromper seu suprimento de insulina.

O conhecimento destas relações é uma esperança de melhores tratamentos para os que já sofrem desses males e de melhores prognósticos para os ilesos até aqui.
É também um exemplo que gera reflexão sobre o custo/benefício do modo de vida que adotamos. A tecnologia nos permite viver com mais conforto e por mais tempo, mas também nos rouba qualidade de vida.

A prevenção destas doenças vão deste o consumo racional de alimentos calóricos, evitando sal, açúcar e gordura em excesso, a realização de exercícios físicos e o controle do estresse. Para aqueles que já apresentam obesidade e diabetes, o tratamento correto é a chave para impedir a instalação de outras complicações.





Diabetes e Pesticidas

Fonte: Jean Remy Davée Guimarães. Ciência Hoje On-line: 15/03/2013
          Plataforma Transgénicos Fora (http://stopogm.net)

A crescente incidência de males como câncer, problemas hormonais e reprodutivos e a relação com o uso de pesticidas é cada vez mais clara. Novos estudos têm apontado uma incômoda conexão que poderia explicar, ao menos parcialmente, as proporções a diabetes vem assumindo em escala global.
Um estudo de Arrebola e colaboradores, da Universidade de Granada, Espanha, publicado no periódico Environmental Research (vol.122) verificou que os pacientes com contaminantes originados de pesticidas tinham 4x mais probabilidade de ter diabetes tipo 2. A equipe dosou resíduos de diversos pesticidas no tecido adiposo de 386 pacientes adultos em dois hospitais locais.

A relação direta observada entre os níveis de poluentes orgânicos persistentes e o desenvolvimento de diabetes era independente da idade, sexo ou peso corporal do paciente. Segundo os pesquisadores, o acúmulo desses poluentes na gordura corporal poderia explicar por que os obesos têm maior facilidade de desenvolver diabetes. Não se sabe ao certo o mecanismo envolvido, mas os autores sugerem que os pesticidas provocam uma reação imunológica em receptores de estrogênio envolvidos no metabolismo dos açúcares.
Kit diabetes
      
As autoridades de saúde estimam que, em 2030, cerca de 4,5% da população mundial será diabética. Atualmente, cerca de 346 milhões de pessoas sofrem da doença e gera, além do sofrimento, e um elevado custo social para o seu tratamento. Além do tratamento medicamentoso, com glicemia e outros medicamentos, pessoas diabéticas precisam manter uma atividade física contínua para facilitar o controle da glicemia do sangue. 

Um relatório publicado pelo Departamento de Agricultura americano mostram que oficialmente houve um aumento significativo do uso de pesticidas, resultante em grande medida do fato de que estão aparecendo cada vez mais infestantes resistentes aos herbicidas aplicados na agricultura, mesmo em plantações transgênicas. Para o milho, soja e algodão transgênicos ocorreu um aumento de consumo de 144 mil toneladas de herbicida nos 13 anos desde que se iniciou o seu cultivo nos Estados Unidos. Em média (dados de 2008), as culturas transgénicas obrigaram a um uso de mais 26% quilos de pesticida por hectare do que as culturas não-transgénicas.

No momento, até a definição de mais estudos, os produtos atualmente disponíveis com menos contaminantes são os chamados "alimentos orgânicos" certificados, as hortas particulares e as lavouras que realizam o controle biológico de pragas.


sábado, 23 de fevereiro de 2013

Vitamina D - O que há de novo?

Fonte: Sofia Moutinho. Revista CH de 19/02/2013.
          The Lancet Magazine (Online). 6 Dez 2013.

Viver em cidades tem seus benefícios e confortos, mas certamente gera impactos negativos na saúde. Um deles, apontado pela antropóloga Nina Jablonski, da Universidade Penn State (Estados Unidos), é a deficiência de vitamina D. A escassez do nutriente entre os habitantes das cidades se deve a pouca exposição ao sol que a vida urbana proporciona.

Se, por um lado, os raios ultravioleta são vistos como vilões por causarem doenças de pele como o câncer, por outro, eles estimulam a produção de vitamina D, fundamental para que nosso organismo absorva cálcio apropriadamente. Desde a idade média já se relacionava a falta de sol como problemas nos ossos, chamada então de raquitismo.

Os estudos clínicos atuais apontam que em países próximos ao Equador, como o Brasil, entre 5 e 20 minutos diários de exposição ao sol de aproximadamente 25% da superfície corporal já são suficientes para garantir a produção de vitamina D em níveis aceitáveis. Pode parecer fácil para quem vive em um país ensolarado como o nosso mas Jablonski lembra que os horários mais seguros para pegar sol sem ter problemas de pele são entre 9h e 11h e entre 16h e 18h – períodos em que grande parte da população está trabalhando em locais fechados ou dentro dos carros.

A vitamina D pode ser obtida de alimentos como o óleo de peixe, ovos e leite, no entanto, a pesquisadora ressalta que é difícil atingir os níveis desejados somente com a alimentação. Para atingir os nível recomendados você teria que ingerir 1 litro de leite, 5 ovos, 500 g de fígado e uma lata de atum por dia.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirmam que 99,2% das mulheres e 99,6% dos homens não ingerem a quantidade adequada de alimentos com vitamina D. 

Então, o que fazer?

Para obter vitamina D sem ficar exposto aos perigos do UV nem passar mal de tanto comer óleo de peixe, Jablonski aconselha a ingestão de suplemento do nutriente. Segundo ela, é seguro e não existe o risco de overdose, pois a vitamina extra é descartada pelo organismo.

Ou melhor ainda, além da alimentação balanceada, quando possível, ligue a produção automática de vitamina D: sua pele. Aproveite e realize atividade ao ar livre, no início da manhã ou final da tarde, numa caminhada, realizando esportes ou exercícios. Além de receber a dose diária de irradiação solar, a atividade física estimula a fixação de cálcio nos ossos, além de tirar um tempo para o relaxamento mental.

Devo tomar?

Para os casos de deficiência importante da vitamina D, a reposição pode ser necessária por que o corpo não consegue recuperar a quantidade necessária de forma rápida. Mas a suplementação para indivíduos saudáveis, sem sinais de osteoporose ou osteopenia, é motivo de debate. Uma revisão sistemática, publicada na The Lancet (2013), por Ian Reid e colaboradores, com 23 estudos, com uma população total de 4082 indivíduos saudáveis (92% eram mulheres com média de idade de 59 anos) que tomavam suplementos de vitamina D (sem cálcio adicional) por dois anos, não produziram mudanças significativas na densidade óssea.




Vitamina D e outra doenças

A redução de vitamina D tem sido associada a diversas doenças como câncer, síndromes inflamatórias (como esclerose múltipla e outras doenças autoimunes) e doenças cardiovasculares. No entanto, uma pesquisa de  Philippe Autier e colaboradores, publicada na The Lancet, põe em dúvida se a baixa de vitamina D é causa ou resultado nestas associações. A revisão de diversas pesquisas clínicas identificaram uma associação inversas de grau moderado a forte, pois a suplementação da vitamina não afetou a ocorrência destas doenças. Assim, aparentemente os níveis de vitamina D seriam mais um indicador geral de saúde do que um condicionador dela.

Mapa mundial da falta de saúde

Fonte: Cássio Leite Vieira, Revista CH. de 14/02/2013.
           GBD 2010. WHO. Disponível em: http://www.who.int/healthinfo/global_burden_disease/en/

Foi lançado um dos mais amplos estudos das causas e a distribuição de doenças, traumas e fatores de risco do mundo. O chamado GBD-Estudo do Ônus Global das Doenças 2010 indicou que a condição de 291 tipos de doenças e traumas, 67 fatores de riscos e 1.160 sequelas não-fatais. E desse total, cerca de 50 condições respondem por quase 80% dos problemas mundiais de saúde. O estudo está dividido em 21 regiões globais, 20 faixas etárias, cobrindo 187 países (inclusive o Brasil).

O GBD 2010 recebeu adjetivos elogiosos, como sobre-humano, magistral, inigualável, intenso, desafiador etc. Uma das razões foram as análises colossais. O tratamento estatístico é tão complexo que mesmo especialistas dizem não entender como brotaram os resultados. O GBD 2010 chegou a ser denominado caixa-preta. E contradiz vários dados da própria Organização Mundial da Saúde. Participaram cerca de 302 instituições com 486 pesquisadores de 50 países. O financiamento veio principalmente da Fundação Bill e Melinda Gates, que despejou 105 milhões de dólares.

Segundo o GBD 2010, morrem, por ano, 52 milhões de pessoas no mundo enquanto a OMS diz que são algo próximo de 56 milhões. Diminuiu a morte de crianças com menos de cinco anos de idade, e houve um aumento de 44%, de 1970 para cá, no número de mortes de adultos entre 15 e 49 anos, principalmente devido a violência e a Aids. A Aids, como causa de morte, passou de 35º lugar (1990) para 6º (2010). Vem diminuindo os casos de malária e diarreia; e caíram drasticamente mortes por tuberculose, mas aumentou o número de casos.

Em 1990, os três principais problemas de saúde no mundo eram, na ordem, infecção respiratória, diarreia e nascimento prematuro. Em 2010, eles são doenças cardíacas, infecção respiratória e derrame. Nestes 20 anos, saíram da tabela dos 12 maiores problemas mundiais de saúde a tuberculose e a desnutrição, e entraram para a lista o HIV e os transtornos da depressão.

Verificou-se aumento nos casos de transtornos mentais e de dor nas costas. A obesidade e diabetes também vêm crescendo – décadas atrás, havia pouca comida saudável; agora, há comida em excesso, mas não saudável.

Em relação aos principais fatores de riscos que causaram as maiores ‘perdas de saúde’ – em 1990, as três primeiras eram subnutrição infantil, poluição doméstica do ar (por conta das cozinhas de lenha) e tabagismo. Em 2010, os três vilões foram a hipertensão arterial, tabagismo e alcoolismo. Saíram dessa lista: falta de amamentação e alto índice de massa corporal (presentes em 1990) e entraram (em 2010) sedentarismo e baixo consumo de sementes e castanhas.

A África subsaariana contrastou bastante com outras regiões do mundo: muitos dos riscos e problemas da década de 1990, como subnutrição, poluição do ar doméstico e amamentação insuficiente, persistem lá como causas de morte. Cerca de 74% das mortes infantis ocorrem na África e sudeste asiático.
 O quadro relativo às condições de saúde no Brasil revela um misto de Primeiro e Quarto Mundos. O país teve “sucesso excelente” em reduzir a mortalidade de crianças abaixo de cinco anos de idade (média global, 58% de redução; por aqui, 84,5%); a violência interpessoal é ainda um problema seríssimo ligado à incapacitação e à morte prematura de homens entre 15 e 40 anos de idade.

Os dados indicam um paradoxo: mais crianças estão chegando à fase adulta e, como adultos, estão vivendo mais; porém, mais doentes. Numa época em que estamos observando o aumento da expectativa de vida das pessoas, é importante avaliar a qualidade desses anos de vida que estão sendo acrescentados. Uma dessas tendências observadas é que há uma redução das doenças infecciosas, mas agora a população sofre cada vez mais com dor e problemas de mobilidade.
Verificou-se que a expectativa de vida média mundial foi de 68 anos.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Casos de câncer cresceram 20% em uma década no mundo

Fonte: BBC - Nov 2011

A incidência de cânceres no mundo cresceu 20% na última década, sendo registrados 12 milhões de novos casos ao ano - número superior à população da cidade de São Paulo, segundo a ONG World Cancer Research Fund (WCRF).
Os cálculos do WCRF, feitos a partir de dados da Organização Mundial da Saúde, apontam que cerca de 2,8 milhões desses casos estão relacionados à alimentação, às atividades físicas e ao peso da população, "número que deve crescer dramaticamente ao longo dos próximos dez anos", segundo a ONG.
"As doenças não transmissíveis- câncer, males cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas e diabetes, são uma ameaça ao mundo inteiro e, em particular, países em desenvolvimento", diz comunicado da WCRF.

Brasil

No caso do Brasil, os dados mais recentes levantados na pesquisa, disponibilizados pelo banco de dados Globocan, da OMS, datam de 2008 e apontam que os tipos mais comuns de câncer são, entre os homens, o de próstata (com 41,6 mil casos registrados) e pulmão (16,3 mil). Entre as mulheres brasileiras, a maior incidência era de câncer de mama (42,5 mil casos) e de colo do útero (24,5 mil).

Para a WCRF, também aqui muitos casos de câncer têm relação com o estilo de vida.
"Estimamos que cerca de 30% dos tipos de câncer que estudamos no Brasil estão relacionados à dieta, às atividades físicas e ao peso", disse por e-mail à BBC Brasil um porta-voz da ONG, Richard Evans.
"Com relação ao câncer de intestino, um dos tipos de câncer mais ligados ao estilo de vida, estimamos que 37% dos casos brasileiros estejam relacionados a esses fatores."

Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009, do IBGE, apontam um ritmo crescente de obesidade entre as crianças brasileiras: cerca de 16% dos meninos e 12% das meninas com idades entre 5 e 9 anos são hoje obesas no país, quatro vezes mais do que há 20 anos.
O aumento recente da renda média do brasileiro levou à substituição dos alimentos naturais pelos industrializados e a maiores níveis de estresse e sedentarismo, que estão por trás do crescimento dos índices de obesidade na população, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil em agosto.
O movimento foi acompanhado por um aumento nas taxas de excesso de peso, que passaram de 42,7%, em 2006, para 48,1%, em 2010, segundo pesquisa do Ministério da Saúde.

domingo, 4 de setembro de 2011

O Poder de Decisão sobre a própria morte


Fonte: New York Times - Paula Span

Armond e Dorothy Rudolph temiam um declínio lento e um sofrimento prolongado em sua terceira idade, o que fez com que se juntassem a uma organização que apoia o direito de terminar a vida quando a doença ou dor ficam grandes demais. Eles participaram de reuniões e rascunharam uma declaração antecipada de vontade rejeitando tratamento de suporte à vida no caso de enfermidades fatais e irreversíveis. Eles deram folhetos sobre o tema aos filhos e discutiram os planos com eles.

Porém, anos mais tarde, quando o casal finalmente decidiu desistir desta vida, tudo veio abaixo. Depois que os Rudolphs começaram a recusar a alimentação, o lar para terceira idade onde moravam em Albuquerque, Novo México, tentou despejá-los. Quando a família recusou, os gerentes ligaram para a emergência e tentaram transportar o casal idoso para um hospital.

Os Rudolphs deixaram o local e morreram numa casa alugada, cercados pelos filhos e cuidados por profissionais especializados em pacientes terminais.

Agora, seu caso se tornou um ponto de convergência para quem apoia a autodeterminação no fim da vida e levantou questões espinhosas sobre os direitos dos residentes em lares para a terceira idade e o profundo desconforto da sociedade com a aceleração da morte.

“O maior medo deles era terminar numa clínica de repouso”, disse o filho do casal, Neil Rudolph, professor de química aposentado de Alamosa, Colorado.

“Aquilo era o inferno para eles, ter pessoas tomando conta deles, não ter independência”.

Da forma como aconteceu, os Rudolphs tiveram uma longa e satisfatória terceira idade em Albuquerque. Eles faziam jardinagem, foram voluntários dos escoteiros e trabalharam como líderes numa igreja presbiteriana. Quando sua casa grande e ajardinada ficou difícil demais para manter, construíram uma menor numa cidade vizinha.

Por fim, eles se mudaram novamente para uma comunidade de aposentados, mas, segundo o filho, “física e mentalmente, eles começaram a descer ladeira abaixo”.

Em outubro, eles entraram num lar para terceira idade chamado Village at Alameda. Armond Rudolph, 92 anos, sofria de estenose espinhal e Dorothy Rudolph, 90 anos, praticamente não se mexia. Ambos apresentavam sintomas de demência precoce.

Em janeiro, eles puseram em ação o plano de parar de comer e beber. A prática é uma forma legal de acelerar a morte sem drogas nem violência, geralmente durando cerca de duas semanas.
Ninguém sabe quantas pessoas escolhem dar fim à vida desta forma, mas uma pesquisa com enfermeiros especializados em pacientes terminais, publicado em The New England Journal of Medicine, em 2003, constatou que a maioria dos enfermos que deliberadamente recusavam comida e líquidos tiveram “uma boa morte”, com baixos níveis de dor e sofrimento.

Neil Rudolph, sua irmã e cônjuges vieram do Colorado para ficar com o casal e chamaram uma organização de cuidados paliativos. “Todos nós discutimos o que isso significava e se eles tinham certeza do que faziam”. Quando os pais confirmaram o desejo, ele os ajudou a escrever uma declaração afirmando sua decisão e depois avisaram os administradores do lar para terceira idade sobre os planos. Segundo o filho, os administradores disseram à família que os Rudolphs teriam de sair no dia seguinte.

A direção do lar não quis dar entrevistas, mas afirmou por e-mail que, quando um residente “exige disposições alternativas, atenção médica ou um nível de cuidado além das nossas capacidades, temos a obrigação de notificar um provedor médico”.

A Fundamental Long Term Care, empresa proprietária do lar e de mais de cem outros em 14 estados, não respondeu aos pedidos de entrevista.

“Esta é a primeira vez que ouvimos falar de uma situação semelhante”, disse por e-mail Karl Polzer, diretor de políticas do National Center for Assisted Living. “É importante que as comunidades para terceira idade tenham o direito de escolher se esse tipo de ação é condizente com sua filosofia e valores”.

Neil Rudolph reclamou aos administradores do Village at Alameda que seus pais, no quarto dia do processo, não tinham aonde ir. Ele também salientou que o contrato exigia um aviso de alta com 30 dias de antecedência.

No dia seguinte, os administradores chamaram o serviço de emergência, relataram uma tentativa de suicídio e disseram para os paramédicos levarem os Rudolphs a um hospital. Chegaram equipes do corpo de bombeiros de Albuquerque e do serviço de ambulância local. Sem saber o que fazer, eles ligaram para um médico do departamento de medicina emergencial da Universidade do Novo México, parte de um consórcio que consultam quando encontram uma situação fora do padrão. Sua confusão ilustra a ambiguidade cercando o ato de parar voluntariamente de comer e beber.

Sob a lei federal americana, essa atitude é legal em todos os estados, afirma Charles Sabatino, diretor da comissão sobre lei e envelhecimento da Associação Americana de Advogados. “A Suprema Corte reconheceu o direito de que uma pessoa capacitada recuse qualquer intervenção médica, incluindo via tubo de alimentação”.

O direito também foi estabelecido pela Lei Federal de Autodeterminação do Paciente. Nem um diagnóstico de demência significa necessariamente que alguém não tenha capacidade legal para decidir parar de comer e beber, asseguram especialistas jurídicos.

Porém, exercer tal direito pode ser difícil. “Embora a teoria possa ser clara, a execução pode ser complicada”, disse Sabatino. Um lar com afiliação religiosa pode recusar, os trabalhadores podem não ficar à vontade e tribunais ou agentes da lei podem querer se envolver.

O médico enviado pela Universidade do Novo México, Dr. Drew Harrell, falou com todos os envolvidos, incluindo discussões demoradas e em separado com Dorothy e Armond Rudolph.

“Eles foram capazes de explicar de forma muito apropriada e eloquente seus desejos. Eles não achavam que precisavam ir para um hospital. O casal detalhou que queria controlar os assuntos ligados ao fim de suas vidas”, declarou.

Tranquilizado de que compreendiam as implicações da decisão, “determinei que nossos serviços não eram necessários”. Os Rudolphs assinaram papéis mostrando que declinaram o transporte.


Preocupados com mais conflitos, os parentes transferiram o casal para uma casa alugada em Albuquerque. Mesmo com visitas diárias, ou duas vezes ao dia, de enfermeiros especializados em tratamento paliativo, a vigília 24 horas era exaustiva, “mas satisfatória”, disse Neil Rudolph. “Era isso que eles queriam e pudemos ajudá-los a executar seus planos”.

Depois de ficar inconsciente, Armond Rudolph morreu primeiro, dez dias depois de dar início ao processo; sua esposa o acompanhou no dia seguinte.

“Eles tiveram a morte digna e pacífica que buscavam”, Neil Rudolph declarou recentemente a jornalistas. “Contudo, isso também é uma fábula moral”.

O grupo Compassion & Choices, que defende a expansão de opções para o fim da vida, fez circular um apêndice que pode ser anexado aos contratos dos lares para terceira idade. Ele afirma, em parte, que “o lar respeitará as escolhas para o fim da vida do residente e não impedirá nenhum tipo de tratamento ou não-tratamento, livre e racionalmente escolhido pelo residente”.

domingo, 14 de agosto de 2011

Falsa corrente - Acupuntura em Derrame Cerebral agudo

Diversas vezes recebi esta falsa corrente, que parece muito útil, mas que pode trazer danos graves.
Circula pela internte a seguinte mensagem:

AVC - A agulha que salva!
Uma agulha pode salvar a vida de alguém com começo de AVC.
Vale a pena 2 min de leitura.
Uma agulha pode salvar a vida de um paciente com princípios de derrame...
Dito por uma professora chinesa.
Guarde uma seringa ou uma agulha para fazer isto - é um método inconvencional para recuperar alguém de um derrame.
Quando um derrame estiver a ocorrer fique calmo.

Independentemente de onde a vitima estiver, não a mova do lugar.
Quando o derrame acontece, as veias capilares no cérebro vão-se gradualmente rompendo.
Se a pessoa for movida os capilares vão se romper.
Se tiver na sua casa uma seringa melhor.
Se não tiver, pode usar uma agulha de costura ou um alfinete.

1. Aqueça a agulha/ alfinete para esterilizar e depois dê uma alfinetada em todos os dedos das mãos do paciente.
2. Não há pontos específicos nos dedos para a acupuntura, mas pode picar 1 milímetro perto da unha.
3. Pique até o sangue começar sair.
4. Se o sangue não começar a sair, então aperte com os dedos.
5. Quando todos os dedos começarem a sangrar, espere alguns minutos e depois puxe as orelhas do paciente até ficarem vermelhas.
6. Pique cada um dos lóbulos das orelhas até começar a sair uma gota de sangue de cada lóbulo. Depois de alguns minutos a pessoa começará a recuperar os sentidos.
Espere até que recupere o estado normal e leve-o para o hospital.
Se for levado às pressas para o hospital, a viagem turbulenta vai fazer com que os vasos capilares no cérebro se rompam.
Mais tarde tive experiência prática sobre o assunto e posso dizer que este método é 100% eficaz. Em 1979, eu era professora no colégio de Fung Gaap em Tai Chung.
Uma tarde, um outro professor veio correndo para a minha sala e disse 'Sra. Liu, venha rápido, o nosso supervisor teve um derrame!'
Eu fui imediatamente para o 3º andar.
O Sr. Chen Fu Tien estava pálido, o seu discurso era feito através de sussurros, a boca torta - sintomas de um derrame.
Imediatamente pedi a um dos estudantes para ir a uma farmácia comprar uma seringa, que usei para picar o Sr. Chen em todos os dedos.
Quando todos os dedos estavam a sangrar (cada um dos dedos com uma gota de sangue do tamanho de uma ervilha), o Sr. Chen começou a recuperar a sua cor.
Mas a boca continuava torta.
Então, eu puxei as orelhas dele para enchê-las de sangue.
Quando as orelhas dele começaram a ficar vermelhas, eu piquei o lóbulo da orelha direita por 2 vezes para saírem duas gotas de sangue E depois o lóbulo da orelha esquerda.
Dentro de 3 a 5 minutos o formato da boca voltou ao normal e a sua maneira de falar tornou-se clara.
Nós o deixamos descansar algum tempo e o levamos para o hospital...


E assim continua...

Esta corrente "agulha que salva" não deve ser considerada como verdadeira. Podemos destacar alguns princípios errôneos nesta mensagem (aliás, investige a veracidade das informações antes de passar pra frente, seja por email ou verbalmente):
1 - Realmente o Acidente Vascular Cerebral (ou Encefálico) é uma evento muito grave, e é a primeira causa de incapacitação em adultos e umas das três principais causas de mortalidade no Brasil. Mas é consenso mundial que o atendimento da vítima de AVC deve ser emergencial, em serviço especializado;

2 - Segundo o Instituto Nacional de Neurologia dos EUA e também por consensos de neurologistas brasileiros, o início do atendimento (hospital, ambulância) deve ser em menos de 15 minutos, e a medicação adequada deve ser dada de preferência com menos de 1 hora. Então antes de perder tempo colocando agulha na ponta dos dedos de alguém que está tendo derrame, chame a EMERGÊNCIA (ligue 193 ou outro seriço de emergência);

3- Os principais sintomas de quem está tendo um AVC é:
- Alteração da sensibilidade de uma parte do corpo
- Incapacidade de falar adequadamente
- Fraqueza muscular repentina
- Alteração súbida de visão e tontura
* Pode haver outros sintomas, estes são os mais comuns. No entanto, algumas vezes os sintomas podem ter início mais sutil como um adormecimente nas extremidades ou confusão mental.
Cada paciente pode ter déficits diferente depois de um derrame. Alguns vão estar bem dentro de alguns dias, nos casos de Ataque Isquêmico Transitório (que deve ser o caso descrito), e outros podem acarretar uma sequela maior, podendo até ir a óbito. Mas isto depende da rapidez do tratamento e da extensão da lesão cerebral. Então, novamente chame a EMERGÊNCIA antes de dar agulhadas.

4-O texto diz que não há pontos de acupuntura nos dedos, o que é FALSO. Existem diversos pontos de acupuntura nos dedos, e aqueles que ficam próximos da unha são chamados pontos Ting. Estes pontos são utilizados desde a antiguidade, quando a China ainda não tinha ambulância ou, talvez, até 1979 como diz o texto.

5- Apesar da acupuntura provavlmente ainda ser utilizada para este fim na China, ela é complementar ao atendimento de emergência.

6- DEPOIS de você acudir a vítima de derrame e tiver chamado a Emergência, e quiser tentar fazer este procedimento tudo bem. Estes pontos próximos a unha e nas orelhas são utilizados para reduzir a pressão arterial e, geralmente, feito por profissionais de saúde treinados em acupuntura e com aparato adequado.

Se alguém tiver tendo um derrame próximo de você, LIGUE 193.

Dr. Fernando Marcucci
Fisioterapeuta
Especialista em Acupuntura
Mestre em Ciências da Saúde

INFO: A acupuntura pode ser utilizada nas fases de recuperação motora após o AVC, estimulando a atividade muscular e sensitiva. E sempre deve ser realizada com profissionais especializados.