Fonte: Cássio Leite Vieira, Revista CH. de 14/02/2013.
GBD 2010. WHO. Disponível em: http://www.who.int/healthinfo/global_burden_disease/en/
Foi lançado um dos mais amplos estudos das causas e a distribuição de doenças, traumas e
fatores de risco do mundo. O chamado GBD-Estudo do Ônus Global das Doenças 2010 indicou que a condição de 291 tipos de doenças e traumas, 67 fatores de riscos e 1.160 sequelas não-fatais. E desse total, cerca de 50 condições respondem por quase 80% dos problemas mundiais de saúde. O estudo está dividido em 21 regiões globais, 20 faixas etárias, cobrindo 187 países (inclusive o Brasil).
O GBD 2010 recebeu adjetivos elogiosos, como sobre-humano, magistral, inigualável, intenso, desafiador etc. Uma das razões foram as análises colossais. O tratamento estatístico é tão
complexo que mesmo especialistas dizem não entender como brotaram os resultados. O GBD 2010 chegou a ser denominado caixa-preta. E contradiz vários dados da própria Organização Mundial da Saúde. Participaram cerca de 302 instituições com 486 pesquisadores de 50 países. O financiamento veio principalmente da Fundação Bill e Melinda Gates, que despejou 105 milhões de
dólares.
Segundo o GBD 2010, morrem, por ano, 52 milhões de pessoas no mundo enquanto a OMS diz que são algo próximo de 56 milhões. Diminuiu a morte de crianças com menos de cinco anos de idade,
e houve um aumento de 44%, de 1970 para cá, no número de mortes de adultos entre 15 e 49 anos, principalmente devido a violência e a Aids. A Aids, como causa de morte, passou de 35º lugar (1990) para 6º (2010).
Vem diminuindo os casos de malária e diarreia; e caíram drasticamente mortes por tuberculose, mas aumentou o número de casos.
Em 1990, os três principais problemas de saúde no mundo eram, na ordem, infecção respiratória, diarreia e nascimento prematuro. Em 2010, eles
são doenças cardíacas, infecção respiratória e derrame. Nestes 20 anos, saíram da tabela dos 12 maiores problemas mundiais de saúde a tuberculose e a desnutrição, e entraram para a lista o HIV e os transtornos da depressão.
Verificou-se aumento nos casos de transtornos mentais e de dor nas costas. A obesidade e diabetes também vêm crescendo – décadas atrás, havia pouca comida saudável; agora, há comida em excesso, mas não saudável.
Em relação aos principais fatores de riscos que causaram as maiores ‘perdas de saúde’ – em 1990, as três primeiras eram subnutrição infantil, poluição doméstica do ar (por conta das cozinhas de lenha) e tabagismo. Em 2010, os três vilões foram a hipertensão arterial, tabagismo e alcoolismo. Saíram dessa lista: falta de amamentação e alto índice de massa corporal
(presentes em 1990) e entraram (em 2010) sedentarismo e baixo consumo de sementes e castanhas.
A África subsaariana contrastou bastante com outras regiões do mundo: muitos dos riscos e problemas da década de 1990, como subnutrição, poluição do ar doméstico e amamentação insuficiente, persistem lá como causas de morte. Cerca de 74% das mortes infantis ocorrem na África e sudeste asiático.
O quadro relativo às condições de saúde no Brasil revela um misto de Primeiro e Quarto
Mundos. O país teve “sucesso excelente” em reduzir a mortalidade de crianças abaixo de cinco anos de idade (média global, 58% de redução; por aqui, 84,5%); a violência interpessoal é ainda um problema seríssimo ligado à incapacitação e à morte prematura de homens entre 15 e 40 anos de idade.
Os dados indicam um paradoxo: mais crianças estão chegando à fase adulta e, como adultos, estão vivendo mais; porém, mais doentes. Numa época em que estamos observando o aumento da expectativa de vida das pessoas, é importante avaliar a qualidade desses anos de vida que estão
sendo acrescentados. Uma dessas tendências observadas é que há uma redução das doenças infecciosas, mas agora a população sofre cada vez mais com dor e problemas de mobilidade.
Verificou-se que a expectativa de vida média mundial foi de 68 anos.
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