sábado, 23 de fevereiro de 2013

Vitamina D - O que há de novo?

Fonte: Sofia Moutinho. Revista CH de 19/02/2013.
          The Lancet Magazine (Online). 6 Dez 2013.

Viver em cidades tem seus benefícios e confortos, mas certamente gera impactos negativos na saúde. Um deles, apontado pela antropóloga Nina Jablonski, da Universidade Penn State (Estados Unidos), é a deficiência de vitamina D. A escassez do nutriente entre os habitantes das cidades se deve a pouca exposição ao sol que a vida urbana proporciona.

Se, por um lado, os raios ultravioleta são vistos como vilões por causarem doenças de pele como o câncer, por outro, eles estimulam a produção de vitamina D, fundamental para que nosso organismo absorva cálcio apropriadamente. Desde a idade média já se relacionava a falta de sol como problemas nos ossos, chamada então de raquitismo.

Os estudos clínicos atuais apontam que em países próximos ao Equador, como o Brasil, entre 5 e 20 minutos diários de exposição ao sol de aproximadamente 25% da superfície corporal já são suficientes para garantir a produção de vitamina D em níveis aceitáveis. Pode parecer fácil para quem vive em um país ensolarado como o nosso mas Jablonski lembra que os horários mais seguros para pegar sol sem ter problemas de pele são entre 9h e 11h e entre 16h e 18h – períodos em que grande parte da população está trabalhando em locais fechados ou dentro dos carros.

A vitamina D pode ser obtida de alimentos como o óleo de peixe, ovos e leite, no entanto, a pesquisadora ressalta que é difícil atingir os níveis desejados somente com a alimentação. Para atingir os nível recomendados você teria que ingerir 1 litro de leite, 5 ovos, 500 g de fígado e uma lata de atum por dia.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirmam que 99,2% das mulheres e 99,6% dos homens não ingerem a quantidade adequada de alimentos com vitamina D. 

Então, o que fazer?

Para obter vitamina D sem ficar exposto aos perigos do UV nem passar mal de tanto comer óleo de peixe, Jablonski aconselha a ingestão de suplemento do nutriente. Segundo ela, é seguro e não existe o risco de overdose, pois a vitamina extra é descartada pelo organismo.

Ou melhor ainda, além da alimentação balanceada, quando possível, ligue a produção automática de vitamina D: sua pele. Aproveite e realize atividade ao ar livre, no início da manhã ou final da tarde, numa caminhada, realizando esportes ou exercícios. Além de receber a dose diária de irradiação solar, a atividade física estimula a fixação de cálcio nos ossos, além de tirar um tempo para o relaxamento mental.

Devo tomar?

Para os casos de deficiência importante da vitamina D, a reposição pode ser necessária por que o corpo não consegue recuperar a quantidade necessária de forma rápida. Mas a suplementação para indivíduos saudáveis, sem sinais de osteoporose ou osteopenia, é motivo de debate. Uma revisão sistemática, publicada na The Lancet (2013), por Ian Reid e colaboradores, com 23 estudos, com uma população total de 4082 indivíduos saudáveis (92% eram mulheres com média de idade de 59 anos) que tomavam suplementos de vitamina D (sem cálcio adicional) por dois anos, não produziram mudanças significativas na densidade óssea.




Vitamina D e outra doenças

A redução de vitamina D tem sido associada a diversas doenças como câncer, síndromes inflamatórias (como esclerose múltipla e outras doenças autoimunes) e doenças cardiovasculares. No entanto, uma pesquisa de  Philippe Autier e colaboradores, publicada na The Lancet, põe em dúvida se a baixa de vitamina D é causa ou resultado nestas associações. A revisão de diversas pesquisas clínicas identificaram uma associação inversas de grau moderado a forte, pois a suplementação da vitamina não afetou a ocorrência destas doenças. Assim, aparentemente os níveis de vitamina D seriam mais um indicador geral de saúde do que um condicionador dela.

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