A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, chamada de CIF (ou ICF, em inglês) é uma série de códigos para enquadrar todos (ou pelo menos a maioria) dos aspectos que influenciam na saúde. Ela é complementar a CID (Classificação Internacional de Doenças). Nem abaixo, nem acima. Complementar. No entanto, ela é mais que uma estrutura (quase infinita) de códigos. Ela é uma mudança de perspectiva sobre a saúde de todos, inclusive a sua. Ela é uma forma de orientar a prática, a avaliação e os cuidados dos problemas de saúde, desde a prevenção a reabilitação.
Segundo a RESOLUÇÃO Nº 370 do COFFITO, de 6 de novembro de 2009, o Fisioterapeuta e o Terapeuta Ocupacional devem adotar CIF, segundo recomendações da OMS, no âmbito de suas competências institucionais. O texto traz que a CIF deve ser utilizada como:
1- Ferramenta estatística - para a coleta e registro de dados como em estudos da população, verificar a evolução clínica dos pacientes dentro do campo de trabalho (hospital, ambulatórios e consultórios);
2- Ferramenta de pesquisa para medir resultados, qualidade de vida ou fatores ambientais;
3- Ferramenta clínica para a avaliação de necessidades e dos resultados;
4- Ferramenta de política social para o planejamento dos sistemas de previdência social, sistemas de compensação e projetos e implantação de políticas públicas;
5- Ferramenta pedagógica para a elaboração de programas educativos para aumentar a conscientização e realizar ações sociais.
Assim, o Fisioterapeuta deve aplicar, após traçar o diagnóstico fisioterapêutico, a versão atualizada da CIF e sua derivada para identificar a condição do paciente.
Vários Crefitos e instituições estão se movimentando para oferecer o curso de formação em CIF para os profissionais. Fique atento, porque um dia você vai precisar dela.
Mais informações em:
- COFFITO - http://www.coffito.org.br/
- Centro Brasileiro de Classificação de Doenças: http://hygeia.fsp.usp.br/~cbcd/
- CifBrasil: http://www.cifbrasil.com.br/
sábado, 21 de novembro de 2009
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Principais necessidades para o desenvolvimento do fisioterapeuta
A fisioterapia, em todo mundo, está inserida no complexo contexto da saúde, do mercado e das necessidades dos próprios profissionais. Especificamente no Brasil, o crescimento do número de profissionais no mercado traz pontos positivos e negativos. Entre os pontos positivos podemos destacar: 1) o requerimento e a inclusão dos profissionais dentro da demanda da sociedade; 2) o fortalecimento político da classe que depende, parcialmente, do número de profissionais existentes; 3) a disputa de mercado exige mais desenvolvimento pessoal e profissional dos fisioterapeutas, o que força o desenvolvimento qualitativo da profissão. Entre os aspectos negativos observa-se: 1) o crescimento desorganizado da profissão que afeta a mobilização efetiva e interligação entre fisioterapeutas; 2) disputa de mercado com diferencial no preço do serviço.
A partir destas observações destaco alguns aspectos que são importantes para o desenvolvimento da fisioterapia e, consequentemente para o fisioterapeuta (se você ainda não ouviu falar sobre os temas abaixo, corra!):
- Prática Baseada em Evidências (PBE): O crescimento científico da fisioterapia foi gigantesco na última década, tanto no Brasil quanto no mundo. Com a internet, todos profissionais tem a mesma possibilidade de agregar os mesmos conhecimentos técnicos e científicos da área, desde que domine algumas habilidades como o uso da internet e também do inglês. Isto traz uma muralha entre aqueles que tem a potencialidade de utilizar o que há de mais recente e aqueles que dependem do conhecimento repassado pelos demais. A fisioterapia brasileira anda com uma perna à frente, com o que há de atual, e outra perna limitada pelo conhecimento engessado, aprendido e nunca mais questionado, e verdades de outras épocas. Este andar pouco funcional dificulta a caracterização da fisioterapia como uma profissão de vanguarda, pois ainda há a disseminação de práticas inadequadas.
A PBE é toda uma forma de pensar e agir, adaptando o conhecimento científico à prática diária, e envolve o aprendizado dos métodos de procura e avaliação de informações confiáveis (de artigos, pesquisas, livros, sites, etc) para utilizar os melhores métodos de tratamento, avaliação, diagnóstico e conduta. E o mais importante, dá ao profissional a autonomia de pensar criticamente, avaliando as informações que chegam a este por meio de cursos, palestras e propagandas.
Empreendedorismo: Não se limitar ao que é imposto, mas superar o que se espera de você. O empreendedor busca crescer por meio do desenvolvimento do seu potencial de criação e execução. É o profissional inovador que modifica qualquer área do conhecimento humano com sua forma de agir e pensar. Estes profissionais são orientadas para a ação, são internamente motivados e, consequentemente, menos dependente de pressão externa para se mexerem, assumem os riscos para atingirem seus objetivos. Na fisioterapia, tem profissionais que querem fazer o que sempre fizeram e outros que buscam estar além do que se espera dele, buscam crescer constantemente. Não crescer apenas no sentido financeiro, mas também no seu desenvolvimento pessoal e técnico. O empreendedor é aquele profissional que está sempre como os sentidos em alerta para novas oportunidades, muitas vezes se inserem em área diversas para buscar domínio de diferentes temas. É aquele fisioterapeuta que além de ser fisioterapeuta, busca conhecimentos em Direito, Administração, Física, Marketing, Psicologia, Computação ou Astronomia, para diversificar sua percepção do mundo e expandir sua capacidade prática.
De forma geral, o empreendedorismo já está incluído no cotidiano de muitos fisioterapeutas, mas a formação acadêmica muitas vezes é o agente limitador. Fruto da era industrial, o nascimento e desenvolvimento inicial da fisioterapia buscou a uniformização e estabilidade. Atualmente, o saber técnico é o mínimo que se espera de um profissional. Segundo Emanuel Leite(2000), das qualidades pessoais de um empreendedor, destacam-se: iniciativa; visão; coragem; firmeza; decisão; atitude de respeito humano; capacidade de organização e direção. Em contraposição, há a síndrome do empregado, que segundo Fernando Dolabela (2008), designa um profissional:
- Insatisfeito, com visão limitada;
- Dificuldade para identificar oportunidades;
- É dependente e necessita de alguém para se tornar produtivo;
- Sem criatividade;
- Sem habilidade para transformar conhecimento em riqueza, descuida de outros conhecimentos que não sejam voltados à tecnologia do produto ou a sua especialidade;
- Dificuldade de auto-aprendizagem, não é auto-suficiente, exige supervisão e espera que alguém lhe forneça o caminho;
- Domina somente parte do processo, não busca conhecer o negócio como um todo: a cadeia produtiva, a dinâmica dos mercados, a evolução do setor;
- Não se preocupa com o que não existe ou não é feito: tenta entender, especializar-se a melhorar somente no que já existe;
- Mais faz do que aprende;
- Não se preocupa em formar sua rede de relações, estabelece baixo nível de comunicações;
- Tem medo do erro, não trata como uma aprendizagem;
- Não se preocupa em transformar as necessidades dos clientes em produtos/serviços;
- Não sabe ler o ambiente externo: ameaças e oportunidades;
- Não é pró-ativo (expressão que indica iniciativa, vontade própria e espírito empreendedor).
Ações Coletivas: O destino de um é compartilhado por todos. No campo profissional, seu uma classe tem reconhecimento e é respeitada como profissão isto se deve a somatória de ações de diversos agentes que favoreceram esta percepção. Se, por outro lado, uma profissão parece denegrida ou desrespeitada em algum sentido, isto também pode ser consequência de diversos atos negativos que, quando somados, expõe as características da classe.
O Fisioterapeuta tem que ter em mente que as atitudes que ele tem dentro do consultório, nas reuniões e nos eventos profissionais ou mesmo socialmente, acabam influenciando na percepção das pessoas sobre nossa profissão.
A coesão dos profissionais dão a cara da profissão. Para atingir uma imagem de respeito, ética e seriedade, os fisioterapeutas necessitam tomar ações coletivas e individuais que demonstrem isso.
Quanto as ações coletivas, estas são favorecidas pelas organizações profissionais, ou seja, ASSOCIAÇÕES, COOPERATIVAS, SOCIEDADES CIENTÍFICAS, entre outras. Organizações coletivas fortes são fundamentais para alcançar homogeneidade com qualidade.
Isto ainda é um desafio para os profissionais: deixar o mundinho do consultório/clínica e mostrar que se pode fazer mais, para ele, para a profissão e para a sociedade. Nos últimos anos, verifica-se um aumento no número de organizações, mas grande parte delas acabam se limitando a ação de alguns poucos profissionais ativos, enquanto outros ficam apáticos esperando os resultados. Quando o reconhecimento profissional é depositado nas pessoas pró-ativas, aquelas que ficam esperando resultados na sombra ficam descontentes e saem, por puro inconformismo.
O profissional que é presente numa organização coletiva, amplia-se sua rede de contatos, ganha-se maior facilidade de identificação perante a sociedade, ganha-se reconhecimento perante outros profissionais e novas oportunidade surgem como consequência.
Claro, que nem tudo é fácil. Estar presente numa entidade requer disponibilidade para exercer diversas atividades, como funções administrativas e contábeis (o que na verdade é uma oportunidade de adquirir estes conhecimentos, tão necessários para qualquer pessoa). Também é necessário dispor de tempo, tanto para algumas reuniões fora de horário (as vezes até nos finais de semanas) quanto para o desenvolvimento da organização. E além disso tudo, é preciso que o profissional saiba reconhecer que os benefícios e, felizmente, alguns encargos são distribuidos entre o grupo.
Como citar este texto:
MARCUCCI, Fernando C. I. O Fisioterapeuta [website]. Disponível em:
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